José Ewerton Neto
1. Responda depressa: quem tem mais cara de idiota, Boninho, o diretor do Big-Brother ou Pedro Bial, o bobo da corte do mesmo programa? Páreo duro, não é mesmo? Principalmente, sabendo-se que, como dizia Millor, o grande problema do idiota perfeito é que ele está sempre prestes a aprimorar sua perfeição.
Alcançado isso, no caso dos dois, essa perfeição se materializa quando ambos, ainda conseguem dar uma de espertos, justamente porque sabem manipular, a favor, outro grande postulado da Idiotice: “Qualquer idiota pode dar uma de esperto: basta encontrar alguém mais idiota ainda.” No caso, os milhões de telespectadores que se deliciam com a monumental fábrica de asneiras que eles inventaram para ganhar dinheiro.
Dois idiotas inventando, 25 participando e milhões assistindo só podia dar numa grande família. Pois é isso mesmo o que surge a todo começo de ano: mais impiedosa do que as taxas de IPTU e IPVA e mais brasileira que as enchentes invernais, rompe em nossos lares a tragédia familiar mais conhecida como Big-Brother- Brasil. Ou, sendo mais preciso: Big-Brothers na infância, porque, na maturidade, são todos Ex-Big-Brothers. E, daí, por toda a eternidade.
Se cada família tem o nome que merece, nenhuma conjunção com o próprio nome alcança tanta plenitude de realização genética quanto a denominação de Ex.-Big-Brothers para todos eles. Pois parece que para isso existem e para isso se dedicam: serem Ex. Ex- da vontade de se dar bem a qualquer custo, Ex- da falta de objetivos na vida, Ex- da ânsia de se negarem um projeto de realização pessoal em troca da exposição de qualquer indignidade moral em troca de alguns reais.
2. Coisas de família! Mas o que existe de mais arrasador nessa história é que, sem se dar conta, quer queira quer não, a grande família invade sua casa sem pedir licença - e nela se instala. Você poderia, talvez, reagir. Para se defender, conta até com um botão de televisão. Bem que você tenta, vira o botão trezentos e sessenta graus e mais um para encontrar algo que o salve, mas você se depara, nos outros canais, com imagens igualmente torpes: Ratinho, Luciana Gimenez, etc. Claro, você poderia optar por alternativas mais radicais, sair de casa, quem sabe, já que você não gosta de ler nem de estudar; de aprender música, nem se fala. Quem sabe expulsa-los, já que você acaba de constatar que eles se comportam não mais como idiotas, mas como maníacos pervertidos.
Pois quando não estão falando besteira estão trepando, não têm pudor nem vergonha, e fazem isso sem constrangimento, diante das criancinhas que os assistem. Coitadas, ingenuamente pensam que eles são apenas “brothers” ou seja, adultos companheiros. Você se assusta com a farsa, mas fica inerte, passivo. São seus filhos e você sabe que deveria ter asco de si por permitir que esses indivíduos invadam sua própria casa para poluir as mentes de seus filhos. Mas, você não faz nada, você não consegue mais reagir... Como se estivesse algemado.
Como escravo? Não, não como um escravo, o buraco é mais embaixo, na verdade você já foi cooptado, abduzido, contaminado, você já está fazendo parte dessa numerosa família.
E isso é o que ela tem de pior. Você sabe que essa família não passa de uma grande tragédia, mas já nem pode reagir porque faz parte dela.
Fonte: Jornal O Estado do Maranhão sobre o famigerado Big Brother
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