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sábado, 8 de janeiro de 2011

A REALIDADE DO TREINAMENTO DE TIRO NA POLÍCIA BRASILEIRA



Os atuais programas de armamento e tiro ou tiro policial, em vigor nos organismos de formação policial militar, contemplam os instruendos com uma quantidade excessiva de aulas teóricas, onde apenas o instrutor manuseia a arma em sala. Permanece ativa a idéia de que o treino do tiro com arma de fogo é caro e trabalhoso.

Mesmo utilizando-se do sistema de recarga dos estojos vazios para baratear o custo da instrução, verifica-se que muitos profissionais concluem o curso de formação policial sem ter efetuado a quantidade mínima aceitável de disparos com os diversos modelos de armas em uso na corporação.

Relega-se a instrução do tiro a um plano inferior, pois, em regra, os instrutores não possuem o Curso de Técnicas de Tiro, as polícias não possuem tiródromos adequados para o treinamento policial, nem ao menos têm os equipamentos de segurança aconselháveis para a prática.

Admitindo-se que os problemas supracitados fossem solucionados com medidas eficazes e imediatas, ainda assim permaneceríamos com problemas no ensino do tiro policial. Acontece que a metodologia utilizada por um grande número de centros de formação prima somente pelo acerto e velocidade do tiro, referenciais próprios do treinamento de competições de tiro esportivo.

Esses métodos de treinamento do tiro esportivo são difundida no meio policial por nossos instrutores de tiro, que com louvor e esforço próprio buscam algum referencial para realizarem da melhor maneira suas instruções.

Muitos tentam modificar a situação imposta, realizam algumas mudanças pertinentes, entretanto, pela ausência de uma política voltada para a área, não conseguem estabelecer ao menos um consenso entre os que se arriscam a ministrar tão complexa instrução.

O que se pode dizer sobre a metodologia utilizada nas instruções é que são carentes de recursos audiovisuais, o instrutor limita-se ao quadro de giz e a uma arma sobre a mesa, onde demonstra o mecanismo da arma, as normas de segurança e o manejo correto. Em seguida, os alunos executam os movimentos de recarga, engatilhamento, acionamento do gatilho em seco e descarregamento da arma. Posteriormente, são conduzidos ao tiródromo, onde inicialmente atiram parados, realizam tiros de precisão, são ensinados o correto alinhamento do aparelho de pontaria, as posições de tiro, a dupla empunhadura e o posicionamento do dedo no gatilho.

Após treinados em tiro de precisão, os alunos são conduzidos para uma pista de tiro dinâmica, onde devem se locomover entre as bases (limites marcados no chão de onde os atiradores são obrigados a efetuar o disparo). De cada base o aluno visualiza um número determinado de alvos e deve atingi-los rapidamente.

O início da prova é feito através de um sinal sonoro, após o que aluno rapidamente inicia seus disparos, já previamente mentalizados; ao passar pela pista o atirador sabe quantos disparos deve realizar em cada base e quais alvos deve atingir. O tempo é fator primordial, quanto menor for o tempo para realização do percurso estabelecido, melhor será para o instruendo. O tempo da pista se encerra com o último disparo.

Normalmente o alvo utilizado é o de Silhueta Humana, alvo de papel com marcações de pontuação bastante visíveis. Para aguçar o discernimento do aluno o instrutor pinta um “X”, de preto ou vermelho, em alguns alvos, ficando convencionado que os marcados são reféns e não podem ser acertados sob pena de punição com perda de pontos.

Outro tipo de alvo muito comum nas pistas são os metálicos, denominados Pipper Popper (PP). Estes são colocados de tal forma que caem ao serem atingidos na sua parte central ou superior. Caso o aluno atinja a parte inferior do alvo, o mesmo continuará em pé, e novo tiro deverá ser efetuado até o PP cair. O alvo PP que permanecer em pé no final da pista contará pontos negativos para o atirador, assim como os alvos Silhueta Humana que não possuírem acertos no papel, salvo os “reféns”, que não devem ser acertados em hipótese alguma.

As dificuldades da pista dinâmica impõem alguns erros de procedimentos que penalizam os aprendizes, por exemplo: atirar fora dos limites das bases, errar o itinerário entre as bases ou conduzir a arma de forma que transgrida as normas de segurança. Esses erros são convertidos em pontos negativos, previamente estipulados e informados aos participantes.

A pista de tiro procura reproduzir dentro do tiródromo os mesmos ambientes que o policial poderá encontrar em sua vida profissional. São montadas salas de onde os disparos são realizados da janela e porta entreaberta, algumas salas com balcões tipos de bares ou de bancos, que protegem grande parte dos alvos, deixando a mostra somente a parte superior do tórax e a cabeça, onde o instruendo deve acertar com precisão, dentre outras situações.

O conceito do aprendiz é dado através da pontuação obtida na pista. São computados os pontos dos acertos (positivos) e subtraídos pelo pontos negativos. A análise da capacidade do aluno face a situações que exijam o emprego de armas de fogo é medida, mormente, pelo seu desempenho nas pistas dinâmicas.

A tônica deste treinamento é preparar o futuro policial para agir com “precisão, potência e velocidade, DVC ( diligentia, vis, celeritas)” 8. Neste treinamento o policial deve desenvolver sua rapidez de raciocínio e de disparo; para criar reflexos tem o livre arbítrio de decidir qual alvo acerta primeiro, dentro dos limites das bases.

A realidade é muito mais amarga do que parece. em geral os alunos normalmente frequentam apenas uma vez ao tiródromo e efetuaram apenas 12 disparos com o revólver padrão da corporação.

Após formados, já no efetivo serviço de segurança pública, certamente terão outras armas a sua disposição. Além do que doze disparos ou trinta jamais serão suficientes para qualificar um policial a utilizar uma arma de fogo. O homem com a formação tão deficiente em armamento e tiro policial é uma verdadeira ameaça à sociedade.
Fonte: 8 OLIVEIRA, João Alexandre Voss de  et alii. Tiro de combate policial- uma abordagem técnica. Porto Alegre: 2000. P. 323.

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