POR VALQUÍRIA FERREIRA
Ao menos catorze detentos morreram, até o início da noite de ontem, durante uma rebelião que começou às 9h no anexo do Presídio São Luís, no complexo Penitenciário de Pedrinhas. A informação foi prestada ao JP pelo delegado geral da Polícia Civil Nordman Ribeiro. Dos mortos, três foram decapitados pelos detentos rebelados. As cabeças foram atiradas para fora da unidade, por uma janela, por volta das 16h30. Cinco monitores feitos de reféns ainda estavam em poder dos detentos na noite de ontem. São eles: Hugo Vagner de Mesquita Melo, Manoel Costa de Jesus Filho, Carlos P. de Araujo, Daniel Pereira Rodrigues e José V. da Conceição. Os presos reivindicam agilidade nos processos; solução para o problema da falta d’água (segundo os presos, eles estão sem água há 25 dias); transferência dos presos de Imperatriz e da Baixada Maranhense, devido à rivalidade; que a visita dos familiares não seja mais realizada na quadra esportiva por causa do sol, e sim nas próprias celas; e exoneração do diretor do Presídio São Luís, Luís Henrique Sena de Freitas.
No início da noite de ontem, após uma negociação com a polícia, os detentos receberam alimentação e em troca liberaram nove corpos para o Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com as primeiras informações, as vítimas foram identificadas como: Neguinho do Barreto; José de Ribamar dos Anjos Filho, o “Dragão”, Isac, Guri, Eromar, P. Júnior, Cleuton da Vila Embratel, Elisângelo de Humberto de Campos e Chiquinho. Os três últimos seriam os que foram decapitados na manhã de ontem.
Segundo o secretário de administração penitenciária, João Bispo Serejo, o motim começou às 9h, durante um banho de sol, onde os presos tomaram a arma do agente penitenciário Raimundo de Jesus Coelho, o “Dico”, e desferiram dois tiros na região do abdômen do agente. Cinco monitores tentaram impedir a ação e foram feitos reféns juntamente com mais duas mulheres de presos que estavam em visita íntima.
O agente penitenciário foi liberado para ser socorrido, somente ao meio-dia. Ele foi levado por uma ambulância do Corpo de Bombeiros Militar para o Hospital São Domingos. Seu estado ontem à noite requeria cuidados, pois uma das balas estava alojada na coluna cervical.
A rebelião, segundo a polícia, foi liderada por três presos: “Diferente”, “Serequinha” e “Rony Boy”. Este último é apontado como o líder do grupo.
O major PM Luís Eduardo Vaz, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA Luís Antônio Pedrosa e o juiz da Vara de Execuções Penais Jamil Aguiar conduziram as negociações, que foram encerradas assim que caiu a noite.
As negociações serão retomadas na manhã de hoje. O Ministério da Justiça informou, ontem à noite, que uma equipe especializada em negociação com presos amotinados seria enviada para São Luís e estaria em ação no presídio hoje pela manhã.
Nota da Secom – A secretaria de Comunicação do governo estadual encaminhou nota à imprensa com o seguinte teor: “O governo do estado acompanha desde o primeiro momento a rebelião e as negociações entre os rebelados e representantes da Secretaria de Segurança, da Secretaria dos Direitos Humanos, do Judiciário e do Ministério Público. Sabe-se que há um estado de tensão permanente entre facções de presos e que somou-se a isso o evento em que um agente penitenciário acabou dominado por um grupo que se apossou de sua arma para dar início à rebelião. No Maranhão, assim como nos demais estados, a superlotação dos presídios é uma realidade. Esse problema está sendo enfrentado pelo governo do estado com a construção de novas unidades prisionais nas regiões de Imperatriz, Pinheiro e São Luís”.
Outra morte – Na manhã de ontem, outro detento foi assassinado a golpes de chuçadas na Penitenciária de Pedrinhas. A vítima, Eriedson de Jesus Santos, foi morta e jogada num esgoto da cadeia.
Túnel em Pedrinhas – Na tarde de ontem, a polícia descobriu um túnel dentro da Penitenciária de Pedrinhas, no setor de agricultura.
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