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quinta-feira, 13 de maio de 2010

RENOVAÇÃO NA POLICIA MILITAR


Colunas sociais destacam o que chamam de “renovação na Policia Militar”, face às promoções ao posto de Coronel de jovens oficiais. Não compartilho com tal “entusiasmo” e vejam por que.
Ingressei na PMRN em 25.02.77. Desde então, sempre investi na busca do aperfeiçoamento profissional. Paralelo aos cursos compulsórios, (CFO, CAO e CSP), concluí a custa de sacrifícios imensuráveis, duas graduações, seis pós-graduações e um Mestrado na UFRN e UERN, respectivamente. Publiquei quatro obras literárias voltadas para a área policial, onde a mais recente, Vademecum de Policia Judiciária Militar, está sendo adotada por várias corporações do país, – exceto na PMRN – como guia prático na formalização de procedimentos inquisitoriais.
Comandei Unidades Operacionais e Administrativas. Criei a Corregedoria Geral da PM em 1999, dotando aquele órgão de uma linha diretiva e pragmática, na elaboração dos instrumentos de investigação de policia judiciária militar, ainda em uso nos dias de hoje, contribuindo para que a PMRN seja considerada “referencia” para outras coirmãs nesse campo dos saberes.
O reconhecimento “extra-corporação” veio junto, mediante o recebimento de honras honoríficas da PM de Sergipe, Roraima, Amapá, Maranhão e do CBM de Alagoas, compensando, assim, a ausência de qualquer deferência por parte do atual gestor-mor da PMRN, cujo único “incentivo e motivação” dispensados ao signatário, nesses mais de três anos que está a frente do comando, é me manter como “Chefe da Corredoria”, ou seja, SEM EXERCER QUALQUER FUNÇÃO. Existe situação mais humilhante para um profissional comprometido com os fins maiores de sua instituição? Acredito que só o fato de estar há mais de 12 anos no mesmo posto hierárquico.
Nessa mesma linha de “motivação profissional”, caminham ilustres colegas igualmente competentes e comprometidos com a corporação, oficiais do nível dos Tenentes Coronéis Ítalo, Italon, Clayton, Ricardo, Luciano, Fidelis, Alves, Elias, entre outros, todos com dez anos ou mais no posto de Tenente Coronel e sem nenhuma perspectiva de ascensão ao ultimo posto, pois, assim como eu, são “veteranos”.
Ai chegam os “ventos da renovação”, capitaneados por jovens oficiais que desde o período de Aspirante, “trabalham” ao lado de padrinhos políticos, beneficiados com gordas gratificações, freqüentando cursos no exterior sem qualquer processo seletivo, sem terem a inconveniência de lidar com bandidos, viaturas danificadas, armas obsoletas, munições vencidas, instalações físicas sem conforto, almoçando diariamente “galeto”, até que se chega ao ponto de se acordar sonhando engasgado com asas e pescoço; e ainda por cima, com o direito de utilizar, abusiva e casuisticamente, do sórdido e imoral artifício de “redução de interstício” alterando a legislação nas caladas da noite para galgarem promoções, sem qualquer respeito aos colegas, e assim, com menos de dezoito anos de “serviço” chegam ao último posto, ainda jovens, com prestígio renovado com os padrinhos, gratificações incorporadas e com status de “renovadores”. É a regra atual na Polícia Militar. A única exceção está no atual Comandante do CPC, que apesar de haver atropelado várias turmas na sua meteórica ascensão hierárquica, é competente, altruísta e trabalhador incansável em prol dos interesses da corporação. Pra ele tiro o chapéu.
Noutro diapasão, a experiência, a solidez de conhecimentos técnicos, a visão social do que é ser policial, o equilíbrio de bem servir a sociedade, entre outras características conquistadas ao longo dos anos, para o atual gestor-mor da Polícia Militar, articulador da “renovação policial” de nada valem.
Felizmente essa falaciosa visão “renovista” não amplia seus poderes para outros órgãos, pois se tal ocorresse, seguramente iria substituir o Papa Bento XVI por um diácono; o Presidente do Tribunal de Justiça por um jovem estagiário de Direito e se acaso vier a substituir Lula da Silva – o que não duvido - estariam correndo riscos os notáveis Ministros Marco Aurélio, Ellen Grace, Joaquim Barbosa, Desembargadores Caio Alencar, Expedito Ferreira; Juízes brilhantes como Luiz Alberto, Cícero Martins, Virgílio Fernandes; Empresários do nível de Silvio Santos, José de Alencar, Agnelo Alves, Deladier da Cunha Lima, além de líderes incontestáveis da linhagem de Wilma de Faria, Rosalba Ciarlyne, Henrique e Carlos Eduardo Alves, Fátima Bezerra, José Agripino, Garibaldi Alves, entre outros exemplos vivos que devem ser seguidos por todos aqueles jovens que estão a se preparar para substituí-los, menos, lógico, na visão do “renovista-mor” castrense do Estado do rio Grande do Norte.
Mas ... fazer o que? Essa é a realidade nua e crua na PMRN e nós, os “veteranos incompetentes” temos mesmo é que se mancar, comprar o pijama e esperar que os “ventos da renovação” não ventem apenas em gabinetes, aeronaves ou veículos climatizados, mas que acionem as velas responsáveis pela depuração da violência incontrolável que assola a sociedade. Apesar dos pesares, e sem o menor constrangimento, pois sei do meu valor enquanto profissional, não precisando puxar saco de quem quer que seja desejo aos jovens que chegam impulsionados pelos “ventos da renovação”, pleno sucesso, alertando, entretanto, que não se deixem picar pelo veneno da prepotência, da arrogância e da falsa impressão de que o poder é eterno. José Walterler dos Santos silva. Adsumus.

josewalterler@ig.com.br.

(publicado no JH1ª ed do dia 05.01.09)

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