Hoje, dia 17 de junho de 2011, a família Policial Militar comemora os 175 anos da briosa e eterna Policia Militar do Estado do Maranhão, e desses áureos anos Deus me oportunizou que eu fizesse parte desta Instituição por longos trintas anos, frisemos aqui de bons serviços prestados à sociedade maranhense, hoje com um novo olhar e buscando meu papel como sujeito da história, tentando compreender este relacionamento institucional, me Pergunto, o Que Comemorar? Pois, em particular minhas esperanças se renovavam a cada dia de trabalho durante esses trintas anos esperando algo melhorar, faço um parêntese rápido para fazer uma analogia, o Brasil falam que é emergente a Polícia é um eterno estado de emergência
Há uma necessidade proeminente de vários fatores para que o Policial Militar possa realizar ou desempenhar com dignidade seu papel de guardião dos direitos do cidadão. Batalhões e Companhias são criados através de decretos para suprir necessidades políticas, com isso continuam com o mesmo efetivo, porém desenvolvendo em áreas maiores trabalhos operacionais e administrativos, logicamente que de maneira deficiente e ineficaz, que não contempla óbvio os anseios da sociedade local, e assim ao longo dos anos, tentamos a qualquer custo prestar um serviço de qualidade, pois vale aqui ressaltar, que apesar das dificuldades e de tantos percalço, ainda existem dentro da caserna, homens e mulheres imbuídos na prestação desse serviço tão árduo em prol da sociedade e em decorrência dessa atitude, por muitas vezes, deixamos nossos familiares órfãos, e quantos companheiros vi tombarem no cumprimento do dever nesses trintas anos, mais um nessa imensidão de violência em que o Estado vive, posso admitir, que presenciei a evolução e o crescimento da Instituição, nos seus mais diversos campos, destaquemos no que tange ao efetivo, instalações no mais longínquo rincões do Estado, equipamentos, conhecimento e tantas outras ferramentas importantes e necessárias no desempenho profissional do Policial Militar, por outro lado vi a parte mais negativa desses anos, principalmente com relação as perdas e defasagem salarial, vi a morte simbólica do espírito de corpo, de valores intrínseco a família Policial Militar, vi a perda da ética institucional, vi nossos direitos garantidos constitucionalmente, sendo atropelados e pasmem o que me deixa mais triste o surgimento de grupos com bandeiras partidárias, defendendo interesses pessoais, esquecendo-se, que a nossa bandeira é tricolor, como bem estar escrito no hino da Policia Militar.
Nesses 175 as mudanças foram importantes e são inerentes ao serviço, no entanto fixando um olhar difuso na atualidade, percebo que para o êxito do nosso trabalho nos falta a elaboração e aplicação de projetos voltados para melhoria da Instituição e de seus integrantes, pois neste século se tornou uma ferramenta importante na exequibilidade do conhecimento e de transformação, pois nenhuma empresa, seja ela pública ou privada não conseguirá sucesso sem tornar exequível a aplicação desse vetor tão importante, devemos fazê-lo respeitando nossa realidade, nossa história e nossos movimentos sociais, devemos dar um basta no paliativo, a sociedade urge por segurança, o que percebo hoje, é que o Estado e o Sistema de Segurança tentam transferir o problema e a responsabilidade para as comunidades, as parcerias são importantes nesse contexto, elas agregam valores e informações e contribuem decisivamente para a melhoria e eficácia do trabalho.
Mesmo estando sob a égide da Constituição, continuamos a sermos excluídos desse dito Estado de direito, a priori nos é negado o direito a greve, a sermos filiados a partidos políticos e tantos outros direitos sociais atribuídos aos Civis, Pergunto que Cidadania é essa? Fala-se tanto em inclusão, somos incluídos em projetos sociais de governo? E em pleno século de mudanças continuamos a sermos regidos por um regulamento retrógado, abusivo e discricionário, que não se alinhou com a Carta Magna de mil novecentos e oitenta e oito, que nos deixa de maneira submissa diante dos outras esferas e nos marginaliza do processo de cidadania, haja vista, não nos permite o livre exercício de pensamento, pergunto, nós Policiais Militares somos parte dessa Democracia?
É mister afirmar, que os anos que passei no serviço ativo, nunca escutei nenhum parlamentar de qualquer sigla ou mesmo aqueles em que votamos e elegemos defendendo nossa causa, e o mais grave, as brigas internas foram se multiplicando e nessa década é notável e visível a falta de entendimento, e a fragmentação em todos os círculos da Corporação, caiu por terra o mito da Unidade, esse elemento indivisível em outras poderes do Estado, deveria nos manter unidos, fortes e capazes de usarmos nossos argumentos com atitude, com tenacidade e a prerrogativa de sermos o único instrumento que o Estado dispõe nos 217 municípios maranhense, sem que houvesse interpretação dúbia de outros poderes entre disciplina e hierarquia, com subserviência e vassalismo, às vezes chego a pensar, que continuamos com essas características da Idade Media e por conseguinte dentro do Feudalismo.
Trinta anos de serviço me deram conhecimentos suficientes para fazer essa leitura, com abordagens atuais, hoje estamos acéfalos, uma cabeça maior que o corpo e mesmo assim não conseguimos pensar, olhar em frente, não damos sentido as nossas capacidades, abdicamos da nossa força e do poder de barganhar que temos, somos incapazes de diante de nós outros, esperamos sempre que alguém nos ajude Quem Pergunto Eu? Caminhando pelos quartéis vejo a tropa desmotivada, sobrecarregada na esperança de dias melhores, então renovemos nossos sonhos para quiçá, apareça um Arcângelo que nos retire do Calvário, para tornar nossas esperanças em realidade, foi assim que eu e tantos outros companheiros passamos trintas anos sob o manto sagrado dessa Egrégia Instituição.
PARABÉNS A POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO(*) Raimundo Julião Matos Filho, capitão PM da Reserva Remunerada, graduado em História pela UEMA.
conheço o capitão julião e admiro a análise de sua experiência, espero que homens como ele possam servir ao nosso Estado, de forma positiva, excelente oficial, inteligente e com excelente formação. Parabéns ao CApitão Julião pelo artigo.
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