Major PMMA Becker recebendo condecoração por serviços prestados em Timor Leste |
Quem passeia por essas praias e vê tamanha beleza natural carente, a meu ver, apenas de investimento para se tornar um paraíso, percebe que o momento oferta oportunidades incontáveis a quem é administrador ou empreendedor.
No tocante à necessidade de fazer desse um país viável e auto-sustentável, em um primeiro momento, mister se torna viabilizar investimentos na ocupação remunerada, uma vez que a existência de mão de obra qualificada dentro do próprio país, trafega pela consecução de perspectivas de futuro para essa enorme massa de estudantes que, diuturnamente frequenta os ensinos fundamental e intermediário. Penso que a educação profissionalizante é, nesse momento, imperativa para os timorenses como fator de inclusão e construção social.
Um segundo olhar mais profundo, já como pedagogo, percorreria a imprescindível diversificação das especializações técnicas do ensino secundário, que habilitassem esses jovens a preencher os requisitos contidos nos editais de cada área ocupacional. Isso posto, abrir-se-iam perspectivas para que os candidatos aos cargos dentro da administração nacional direta, nativos do Timor Leste, pudessem estudar as leis que tratam especificamente da função pública, recebendo conhecimentos, no mínimo, basilares sobre informática e, mais que tudo, conhecendo a língua portuguesa, posto que seu país é regido por normas portuguesas escritas nesse idioma.
Para outros cargos como na área das finanças seriam inclusas cadeiras de gestão e contabilidade empresarial. Na pasta da segurança pública, também via processo seletivo, ingressariam os candidatos dotados de conhecimentos elementares das leis e da disciplina militar – reservistas e ex-militares (por exemplo).
Na sua infra-estrutura, o Timor precisa retomar as rédeas do seu destino atacando cirurgicamente seus pontos sensíveis no precário panorama atual, partindo urgentemente para a abertura de novas estradas e reparos da malha existente, onde se abririam oportunidades para técnicos em edificações e cartografia. Contemplando a urgência no incremento de insumos sociais que passam primeiramente pela restauração das montagens elétricas, para sustentação da atuação do estado junto aos povoados, entendo que nisso se abriria perspectivas aos técnicos em eletrificação e manutenção de redes que emergissem do ensino secundário.
A instalação de postos de saúde e assistência social oportunizaria a absorção de jovens capacitados nas áreas técnicas de enfermagem, secretariado e administração.
Raciocinando em termos de construção de oportunidades, já podemos perceber alguns esforços internacionais de nações amigas do Timor, a exemplo do Brasil que mantém parcerias com a Universidade do Timor Leste, fornecendo profissionais da área da educação para alavancar a nacionalização da língua portuguesa.
O SESI brasileiro já está instalado em território timorense e pode vir a ser o gérmen dessa grande transformação educacional, atuando na capacitação técnica em manutenção de motores e grupo geradores além de outras especializações de nível médio.
Ao se pensar em autonomia administrativa, necessariamente, se precisa raciocinar com arrecadação de impostos. Essa verdade vincula qualquer postulante a possuir recursos humanos diferenciados para que se desenvolva um sistema atual e informatizado de receita e gestão das finanças, que permita identificar seus contribuintes, oportunizando planejamentos estratégicos, elaboração de orçamentos nos três níveis da administração pública, além da perspectiva de processar criminalmente os sonegadores e controlar a massa dos que não podem pagar impostos.
Por fim, em nível de sugestão e abraçando os exemplos que surtiram efeito em outros países, um modelo extremamente útil ao nativo timorense desprovido de cidadania, que se pretende assistir ao discutir as demandas abordadas, seria a criação de muitos "Shopping do Cidadão", à semelhança do que acontece no Brasil, onde em um mesmo espaço móvel, se disponibiliza todos os serviços públicos de que um cidadão precisa para, ao menos, existir legalmente.
Dessa forma, compreendo que começaríamos realmente a fomentar, de maneira consistente, perspectivas reais de um novo amanhã para essa "terra onde nasce o sol".
Fonte: Auceri Becker Martins – Maj. UNPOL - UNMIT
Fonte: Auceri Becker Martins – Maj. UNPOL - UNMIT
Bem que essas soluções poderiam ser utilizadas para o Maranhão.
ResponderExcluirMeu grande amigo!
ResponderExcluirGostei muito do seu artigo. A visão realista das necessidades que Timor-Leste tem, bem como apontou o caminho para algumas soluções a curto e médio prazo para aquele país.
Infelizmente, a sua visão é dum homem de acção, habituado a ter uma missão e objectivos para cumprir, enquanto os nossos paises são governados por politicos e burocratas habituados a manter o Status-Quo, porque só assim eles se conseguem ir "governando".
A sua visão é duma pessoa de bem e politicamente desinteressa, enquanto o mundo é dominado pela política e pelo dinheiro.
Abraço fraterno de Portugal
Marco Marta
Missões de Paz são experiências capazes de enriquecer quem as protagonize de tal maneira que essas pessoas se tornam multiplicadores de saberes novos oriundos de culturas ignoradas ou desconhecidas. Parabéns pela narrativa Sr. Major.
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