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"MAIS VALE LUTAR POR DIGNIDADE ABERTAMENTE, DO QUE SE SUBMETER A CORRUPÇÃO EM SIGILO." Autor desconhecido

terça-feira, 13 de abril de 2010

A NOVA ÉTICA NA PROMOÇÃO NAS POLÍCIAS MILITARES


O ATUAL SISTEMA DE PROMOÇÃO NA POLÍCIA MILITAR E OS SEUS
MALEFÍCIOS PARA A INSTITUIÇÃO, SEUS INTEGRANTES E À
SOCIEDADE.

“Pois que aproveitaria ao homem
ganhar todo o mundo e perder a
sua alma?” EVANGELHO DE SÃO
MARCOS. 8.36.

Inicialmente, se faz necessário informar que o presente artigo não tem o objetivo de ofender a quem quer que seja e nem tampouco expor de forma irresponsável a amada. Instituição a que pertenço. Porém, na condição de Oficial, me vejo obrigado a cumprir o dever legal (e moral) de zelar pelo bom nome da Polícia Militar, conforme me impõe o art. 28, XIX, do Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Piauí.
Assim, este artigo constitui-se num libelo contra o atual sistema de promoção na Polícia Militar e seus maléficos efeitos para a Instituição, seus integrantes e à sociedade. E de igual forma, constituir-se num registro histórico para que nunca nos esqueçamos de tudo de imoral e ruim que esse sistema produziu e, principalmente, evitar que no futuro atitudes tão deploráveis se repitam.
Nos últimos anos, observamos boquiabertos a desenfreada queda da ética dentro da Polícia Militar e a consolidação de uma “nova ética” no seio da milícia piauiense, especialmente junto ao oficialato.
Essa “nova ética” traduz-se na ânsia louca de se beneficiar a qualquer custo de tudo aquilo que possa ser abocanhado no mais curto espaço de tempo. Para tanto, valem-se da proximidade do poder para alterar leis,decretos, normas ou tudo mais que possa atrapalhar seus intentos. A essa ânsia, não se encontram limites, pois,literalmente, os fins justificam os meios.
Aqui, lança-se à lama todo o valor moral que poderia se esperar de um Oficial,
de qualquer Policial Militar ou mesmo do cidadão comum, uma vez que se espera que toda pessoa tenha, ao menos, uma noção básica do que é certo ou errado.
Não se vê mais honra, respeito ou ética. O sagrado templo dos valores militares, onde deveria se cultivar a “religião da honra”, hoje se assemelha mais a um mercado onde a honra (ou o que restou dela) é vendida para qualquer um que possa lhe garantir vantagens e uma ascensão meteórica na carreira.
É com imensa vergonha que me vejo obrigado a relatar que hoje,cada político, se assim o quiser, terá (e a maioria tem) o seu OFICIAL DE ESTIMAÇÃO(Embora neste artigo dê-se maior ênfase ao oficialato, as considerações aqui abordadas também se aplicam, mutatis mutandis, às nossas praças. Levando-nos à infeliz constatação de que, de alto a baixo, a Corporação não está imune a essa lamentável situação), cujo manual para mantê-lo dócil e obediente contém apenas duas lacônicas recomendações: ofereça-lhe uma parca gratificação e, principalmente, uma mera expectativa de promoção.
Todavia, a culpa não deve recair exclusivamente sobre os maus políticos, pois embora haja a cooptação de parte do oficialato pelos detentores do poder, há de igual forma, oficiais que utilizam essa proximidade para tirar todos os proveitos possíveis dessa simbiose imoral. É lamentável verificar que esses oficiais tenham rapidamente esquecido o compromisso de honra prestado quando do ingresso nas fileiras da Polícia Militar, onde, na presença da tropa se faz o solene juramento de regular nossas vidas pelos preceitos da moral.
Também é extremamente decepcionante constatar que determinados políticos que chegaram ao poder empunhando a bandeira da ética e da moralidade, vergonhosamente, são os principais fiadores desse sistema imoral.
Entretanto, para sermos justos, é preciso informar que essa prática não é
recente, existe há anos. Porém, nos últimos tempos ela foi posta em escala
industrial.
Para se ter idéia, nos últimos anos a Lei de Promoção de Oficiais sofreu várias mutilações: ora para diminuir os interstícios em alguns postos com o objetivo de se garantir várias promoções num curto espaço de tempo.
Ora para produzir um aberrante quadro de pontuações e medalhas com o objetivo de se fornecer uma exagerada pontuação a alguns oficiais e assim garantir-lhes facilmente suas promoções por merecimento, preterindo outros oficiais mais antigos. E finalmente, como golpe fatal, eliminou-se o “inconveniente” limite quantitativo que restringia o número de oficiais que poderiam ser promovidos por merecimento. A retirada desse “empecilho” possibilitou que oficiais mais modernos fossem promovidos na frente de um grande número de oficiais mais antigos.
A respeito dos critérios utilizados para escolha daqueles que serão promovidos por merecimento é imprescindível a lição de FRANK D. McCANN que, embora se refira ao Exército Brasileiro nos idos de 1880, sua narrativa constitui-se num fiel retrato das imoralidades praticadas hoje, em pleno século XXI: “Idealmente, as promoções estavam associadas ao mérito, mas muitas das vezes a influência política e o apadrinhamento de oficiais superiores determinavam quem era os favorecidos”.
Esse sistema tem produzido inúmeros efeitos perniciosos, dentre os quais podemos destacar: a reprodução dessa infame prática por partes daqueles que chegam a posições que lhe permitam se beneficiar do poder, gerando um nefasto ciclo vicioso. O desenvolvimento de um forte sentimento de revanchismo, ressentimento e desunião entre os oficiais9. O esfacelamento da hierarquia e da disciplina em virtude da ascensão meteórica de alguns em detrimento de outros muito mais antigos. A formação de grupos de oficiais e praças que em vez de se dedicarem ao crescimento e profissionalização da Polícia Militar, devotam-se exclusivamente para servir aos grupos político que estão no poder com o objetivo de retirar todos os proveitos possíveis dessa ligação. E por fim, se tem a total desmotivação do restante da tropa, a qual cabe apenas suportar toda a carga da segurança pública, desaguando nesta e na população o resultado de todas as mazelas desse sistema.
Além dos danosos efeitos institucionais acima descritos, temos ainda outros tão perversos quanto aqueles que se refletem nas esferas pessoal,familiar e social. Assim, no âmbito pessoal temos um indivíduo frustrado, pois o atual sistema lhe tolhe todas as perspectivas de realização e crescimento profissional, causando-lhe enorme angústia e incerteza que somados à impotência diante de tantas imoralidades lhe afligem inúmeras patologias no corpo e na alma, especialmente em época de promoções. Por conseqüência,toda essa gama de aflições transpassa o indivíduo, atingindo também à sua família, gerando desajuste e sofrimento no seio familiar. Finalmente, na esfera social, temos um cidadão frustrado e descrente com a sociedade e suas instituições, além do dilacerante dilema moral de se questionar a cada dia se,
no mundo de hoje, vale a pena ser honesto.
Ainda do ponto de vista social, o atual sistema fomenta a formação de uma polícia voltada exclusivamente para servir aos interesses dos governantes e não à sociedade. Algo inaceitável num Estado Democrático de Direito.
O atual sistema permite que uma minoria usurpe dos demais o sagrado direito de ascensão na carreira, pois lhes arrancaram a garantia de um fluxo de carreira regular e equilibrado, expressamente previsto no art. 58, in fine, Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Piauí.
No futuro, as novas gerações ao escreverem sobre a história da Polícia Militar e narrarem essa página infeliz de nossa história sentirão vergonha das imoralidades cometidas e da passividade desta geração.
Por questão de justiça, também devemos destacar que existem honrados oficiais que, mesmo estando próximo ao poder, não se utilizam e nem coadunam com esse sistema imoral. E cuja explicação para tão nobre atitude encontramos nas sóbrias palavras de ALFRED VIGNY10: “Penso que o Destino dirige metade da vida de cada homem, e o seu caráter a outra metade”.
Por fim, peço ao leitor perdão pelo emprego de algumas expressões um tanto deselegantes, porém, a culpa é desses tempos vis que não permitem poesia. E acredito que mais ofensivas que essas expressões são as mazelas praticadas por esse sistema, pois não ferem apenas aos ouvidos, mais também destroem a carreira e o futuro de um grande número de oficiais e praças.
Esperamos com este artigo, alertar os oficiais e as praças sobre o grave risco que correm nosso futuro e à Instituição em virtude de nossa vergonhosa passividade, e de igual forma alertar a sociedade e as autoridades sobre a insustentável situação em que se encontra a Polícia Militar, e assim, tentarmos juntos fazer frente a esse sistema que vem, ao longo dos anos, contribuindo significativamente para o rebaixamento moral da Corporação. E por fim, possibilitar aos partidários da “nova ética” uma profunda reflexão sobre o grande mal que estão causando à Instituição.
Assim, para mudarmos esse triste quadro é preciso urgentemente criar uma nova e moderna Lei de Promoção de Oficiais e Praças que garanta a todos um efetivo fluxo regular de carreira e a profissionalização da Polícia Militar, onde o constante aprimoramento e a qualificação do policial militar sejam os principais mecanismos de ascensão na carreira.

José Wilson Gomes de Assis, Capitão PMPI

Artigo encaminhado pelo Aluno CAO da ACW-RN Carlos Alberto Gomes CARVALHO - CAP PMMA

2 comentários:

  1. Excelente o artigo o Capitão está de parabéns, digno de elogio e apoio entre os demais membros das Polícias e bombeiros do Brasil, só vejo uma solução a promoção com tempo definido dentro de um planejamento na carreira, ser capitão com cinco anos de carreira é pouco tempo para muita responsabilidade, contudo ingressar na carreira aos 17 ou 18 anos e não chegar ao posto de Tenente Coronel, com 43 é muito tempo. Temos que nos unir para modificar as leis e criar garantias profissionais para a nossa atividade laboral. NOSSA UNIÃO NOS TORNA INVENCÍVEIS.

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  2. PARABENS PELA POSTAGEM DESSE ARTIGO IMPORTANTÍSSIMO.

    TEM TODA RAZÃO E LEVEZA ESSAS INSINUAÇÕES DO CAPITÃO JOSÉ WILSON DA PMPI, NOSA IRMA MAIS PRÓXIMA. AGORA, NÃO FIQUEMOS SOMENTE NOS ELOGIOS, SEJAMOS NÃO EXPECTADORES DAS MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES, ELAS IRAÕ AO CERTO OCORREREM, MAS, SEJAMOS ARTÚIFICES DELAS, POIS, SOMOIS COVARDES, ACEITAMOS TUDO, E EU PERGUNTO, SERÁ QUE É SÓ NA PM QUE SOMOS TOLHIDOS. NÃO, EM, TODOS OS SEGUIMENTOS, E AINDA ACHO QUE NEESSA IMORAL CORPORAÇÃO, PELOS ABUSOS, ESTAMOS MAIS FÉRTEIS PARA LUTARMOS. OU ACHAM QUE SEM LUTA, AS COISAS CAEM DO CÉU. COMPANHEIROS, QUEM NÃO LUTA PELOS SEUS DIREITOS (NÓS TODOS, NÃO É DÍGNO DELES, JÁ DIZIA RU8I BARBOSA, UM DOS SÁBIOS MAIS ILUMONADOS DO SÉCULO PASSADO, MAS, QUE SEUS ENSINAMENTOS PERDURAM AINDA ATUALÍSSIMO.

    COLEGA MENDES, SEJAMOS MADUROS, NOS ALMOÇOS DA VIDA, NÃO SEJAMOS APENAS GULOSIMNOSOS, NEM SÓ PÃO VIVE O HOMEM, MAS, AL[ÉM DAS PALAVRAS DE DEUS, AÇÕES DE VERDADE, SÉRIAS, LEAIS E AUTANEIRAS. ACODEMOS DESSA LETALGIA PROFISSIONAL.

    QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS, PM'S E SOCIEDADE, PARA MUDARMOS ESSAS MAZELAS INSTITUCIONAIS.


    (OBS): MENDES, PEÇO SE POSSÍVEL, POSTAR ESSE MAUS CPOMENTÁRUIO COMO POSTAGEM DE ARTIGO.

    POSTE AINDA MEUA ARTIGO, QUE ESTÁ NO LINK: (WWW.SEGURANCAPROTETIVA.BLOGSPOT.COM), MATÉRIA:"COMO NOSSOS PAIS"

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